Gestão de Projetos no estilo bufê, por Harold Kerzner.
Iniciando em boa companhia...
Nada como um artigo do Mestre Harold Kerzner para iniciar os posts regulares do blog. Aqui tentarei replicar artigos de grandes nomes do Gerenciamento de Projetos, artigos que apresentem idéias interessantes de GPs ao redor do mundo e alguns artigos próprios escritos por mim, com a experiência de quase vinte anos de atuação em projetos.
Hoje o artigo é “Cafeteria-Style” Project Management Comes of Age, que pode ser acessado para leitura no original.
Ainda me lembro de meus primeiros anos no gerenciamento de projetos. Minha empresa me deu um caderno descrito como gerenciamento de projeto/programa. O caderno identificava as fases do ciclo de vida do projeto, todas as atividades a serem executadas em cada fase, e os formulários que deveriam ser completados em cada fase e apresentados ao cliente. O caderno também descrevia o que gerentes de projetos poderiam ou não fazer durante a execução do projeto. Desvios do que era escrito no caderno não eram permitidos porque o caderno havia sido aprovado pelo cliente.Enquanto alguns gerentes de projetos consideravam a si mesmos como "presidentes do projeto", eles ainda estavam lutando com algemas que limitavam sua autoridade, sua responsabilidade e as decisões que poderiam tomar. A solução era simples: implementar gerenciamento de projetos para o benefício dos clientes e, ao mesmo tempo, limitar fortemente o que os GPs eram permitidos a realizar. Gerenciamento de projetos nos anos iniciais era direcionado pelos clientes que demandavam que empreiteiras (ou contratadas) usassem gerenciamento de projetos. Contratadas concordavam, relutantemente, visando vencer concorrências e assinar contratos, mas temiam que se gerentes de projetos recebessem muita liberdade, poderiam tomar decisões que eram reservadas aos níveis superiores de gerência.Clientes demandavam que GPs tivessem autoridade para tomar decisões, ao invés de sempre ter que conseguir autorização da gerência sênior. Em algumas companhias, GPs serviam como bonecos de cordas sendo controlados pela gerência sênior. Os cadernos eram explicados para o GP como uma necessidade de padronização e controle de projetos, mas a real intenção era dar aos executivos um controle melhor sobre os GPs.Hoje a paisagem para o gerenciamento de projetos mudou por:
- Décadas de práticas de gerenciamento de projetos tem mostrado que o gerenciamento pode funcionar, e funcionar bem;
- GPs sabem de suas limitações, assim como sabem o que podem fazer ou não podem;
- Gerentes sêniores agora possuem confiança muito maior nas habilidades dos GPs para tomarem decisões e executarem projetos corretamente;
- As algemas foram removidas dos GPs;
- Clientes (especialmente aqueles externos à companhia contratada) querem ver que os projetos que estão pagando serem gerenciados por uma metodologia que está mais alinhada ao seu modelo de negócios que o da contratada.
Esse último ponto abriu a porta para a flexibilidade no gerenciamento de projetos, uma necessidade para usuários de Agile e Scrum. Metodologias flexíveis são muito frequentemente chamadas de frameworks. Com um framework, metodologias rígidas de gerenciamento de projetos são divididas em uma coleção de formulários, guias, templates e checklists. Todos esses documentos são então colocados como em uma mesa de bufê de ferramentas de projetos.
Ao ir ao bufê de ferramentas de projetos, o GP pode selecionar as ferramentas, e somente aquelas ferramentas, que são necessárias para satisfazer as necessidades de um cliente em particular:
Usando gerenciamento de projetos no estilo bufê, clientes verão seus projetos muito mais alinhados ao seu modelo de negócio e o GP tem a flexibilidade que necessita para eliminar desperdícios de gerenciamento e criar um entregável com base no valor para o cliente. Gerenciamento de projetos no estilo bufê é, em minha opinião, uma necessidade para o gerenciamento de projetos com sucesso em um ambiente adaptativo.
Os benefícios desse tipo de gerenciamento tem se tornado muito aparente com usuários de Agile e Scrum, e acredito que esse modelo se tornará, eventualmente, adotado por vários outros tipos de indústria.
Sobre o autor
Harold Kerzner é um engenheiro e consultor americano, pioneiro no ramo de gestão de projetos. Publica livros sobre o assunto desde 1979 e hoje é diretor do International Institute for Learning (IIL).
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